sexta-feira, 27 de junho de 2008

"Não choro as partes que estão para trás"

Às vezes ponho-me a pensar no passado, presente e futuro e como estes factores condicionam a nossa vida. Se por vezes tomamos atitudes sem pensar no futuro e baseados apenas no presente, porque é que havemos de nos sentir afectados pelo passado?
O que é que interessa a um homem quarentão barrigudo e flácido ter sido um atleta com um porte físico "daqueles", ou a uma mulher quarentona ainda fantástica pensar que daí a uns anos vai ter rugas e cabelos brancos?
Mas por outro lado, o que é que me interessa tomar agora uma decisão sem pensar se vai ser boa para mim no futuro? Mas se pensar demasiado no futuro provavelmente não vou curtir e o presente e...
E... há coisas do passado que me afectam. O ter perdido alguém querido. Aquela relação que não correu bem. Mas geralmente aquilo em que penso relativamente ao passado tem a ver com relações pessoais e de facto começo a achar que é isso que marca a nossa passagem por cá. As pessoas. E por isso, o que é o presente, o passado e o futuro quando estamos rodeados daquelas que para nós são as melhores pessoas do Mundo? O problema de muita gente é que se esquece que manter as relações humanas não é como manter um carro, em que se pode dar umas "porradinhas" de vez em quando e, apesar de amaxucado ele continua a levar-nos onde precisamos, apesar de por vezes chiar um bocadinho..
E porque viver é envelhecer e é esta a ordem natural da vida, ganha quem souber envelhecer melhor. E para mim isso passa por equacionar e moderar a importância que o passado e o futuro têm no presente pois por vezes sentimos mais do que precisamos e quem fomos não somos mais..



Klepht - Antes & Depois

quarta-feira, 25 de junho de 2008

E tu? Também fritas da pipoca?


Tinha que haver alguma razão para eu dizer "estou a fritar a pipoca! Grrr.."


http://sorisomail.com/videos-comicos/1963.html



Já experimentaram?

domingo, 15 de junho de 2008

O MAR

Ondas que descansam no seu gesto nupcial
abrem-se caem
amorosamente sobre os próprios lábios
e a areia
ancas verdes violetas na violência viva
rumor do ilimite na gravidez da água
sussurros gritos minerais inércia magnífica
volúpia de agonia movimentos de amor
morte em cada onda sublevação inaugural
abre-se o corpo que ama na consciência nua
e o corpo é o instante nunca mais e sempre
ó seios e nuvens que na areia se despenham
ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas
ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões
ó eternidade do mar ensimesmado unânime
em amor e desamor de anónimos amplexos
múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes
ó mar ó presença ondulada do infinito
ó retorno incessante da paixão frigidíssima
ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente
ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!



António Ramos Rosa
Facilidade do Ar
Lisboa, Caminho, 1990




segunda-feira, 9 de junho de 2008

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O Velho e o Mar

"- Velho. É o que sou. Quero tudo e nada quero. Posso? Permites-me tal ousadia? Subir a mais alta montanha, conhecer o algures e o nenhures; tocar o fundo de todos os mares e deitar-me com as estrelas e correr como o vento.

- E podes?

- Pois que posso. Que querendo vou fazê-lo. Contigo ou sem ti. Hoje. Vens? Sei que sim, se te deixassem. Porque és novo e também sonhas.

- Mas e os outros, que dizem eles disso?

- Há, esses… Não me entendem. Há-os que sim, que sabem quem fui, que ainda acreditam em muito do que sou e que me não invejam as praias brancas como a neve e os leões. Mas os outros, a maioria, esses não. Porque para eles acabei, sou um livro cerrado a sete chaves. Imaginas? Um livro poeirento, bafiento, fechado; depositado numa velha caixa de cartão, fechada; esquecida num baú de madeira carcomida, fechado; abandonado num velho sótão onde jazem aranhas de teias, fechado; parte de uma triste e quieta casa de escadas que já ninguém se aventura a galgar, fechada. Assim me vêem.

- Mas porquê?

- Porquê? Estás na idade deles, dos porquês. Pois bem: porque se fosse novo, coisa que para eles não sou, tinha o direito. De fazer como o Forrest Gump e correr o mundo correndo. Porque estamos longe, eu e eles. Como o céu do inferno; o ocidente do oriente.
Digo-lhes que sou um velho diferente. Com os olhos, porque me cansei de gastar com eles as palavras. Cansaço! Coisa de velho…

- E eles não acreditam?

- Olá! Nem que me ajoelhe e reze, coisa que não é costume fazer. Quer dizer, agora até desconfiam, mas não por ainda querer tudo nada querendo, não por isso. Pensam que sou um velho azarento, gozam-me. Má sorte, amenizam os mais cordiais. Não entendem… Não querem nem podem.

- Mas por que não lhes provas?

- A eles? Não. Posso, mas não quero nem preciso. A mim, isso sim. E é o que farei, porque se me duvido nunca mais me encontro. Por Deus que o farei! Por Deus não, que não sou religioso. Mas a expressão sai-me assim mesmo, sem pensar.
Vou. E por nós dois hei-de tornar-me lenda. Não daquelas que conheces nos filmes, não aspiro a tanto ou a tão pouco. Lenda para ti, meu rapaz, para que te orgulhes de ter conhecido um velho que não queria ser velho, pelo menos não velho como queriam obrigá-lo a ser.

- E posso ir?

- Para onde?

- Para o mar.

- Há, esse…

- Pois não é dele que falamos?

- Pois que sim, que falamos dela falando de outras coisas, inventando, complificando. Dela porque amante-mar; porque amiga-mar; porque casa-mar.

- Mas e levas-me ou não?

- Não. Quero falar-lhe sozinho e em voz alta, tocar-lhe sozinho e devagar. Ias envergonhá-la, porque és novo e ela é como eu. Vais depois, quando fores velho e já não te acreditarem.

- Espero por ti, então.

- Sei que o farás, mas não sei se o devias. Afinal, hoje é o dia oitenta e cinco, lembras-te?

- Claro!

- Isso mesmo. Já és um homem, meu rapaz. Adeus.

- Mas espera. Fala-me mais um pouco.

- Não vale a pena.

- Porquê?

- Porque não nasci em Chicago nem no século XIX; porque não sou nem nunca serei brilhante nem Nobel do que seja; porque não me comparo a ele, nem por sombras de sombras na penumbra.
Toma. Leva o livro. Far-te-á melhor proveito. E assim, quem sabe, não te tornas como eles, os outros, os que não acreditam."




terça-feira, 3 de junho de 2008

O video "roubei-o" do youtube, mas conheci-o num blog que visito diariamente, o botasdagua.

Este é sem dúvida um dos problemas que mais afecta o nosso dia-a-dia. Há um ano atrás, por esta altura do ano, já nos andavamos todos a esmifrar para poder ter um bocadinho todos os dias para irmos até à praia, curtir o mar com um solzinho, ficar na bela da esplanada a dar dois dedos de conversa e chegar a casa com aquele ar bem saudável e rosado. O nosso Inverno foi o que foi e, pensem lá o que pensarem, o facto do pessoal andar todo a queimar as pipocas não é certamente só uma coincidencia. Acredito mesmo que a Natureza nos afecta e que agora só nos está a dar de volta aquilo que durante tantos anos "nós" lhe demos a ela. Afectamo-la e agora estamos a ter o pagamento com a mesma moeda, inflacionada.
Se antes os direitos dos animais ou a luta pela Natureza era uma coisa de freaks, maltrapilhos, malucos ou o que for, agora é uma luta que nos diz respeito a todos e, como diz o Botas no blog dele, a boa notícia é a de que ainda vamos a tempo de conseguir inverter a situação através de pequenas acções passíveis de realizar no nosso dia-a-dia. E geralmente são coisas básicas, como a reciclagem ou o simples acto de guardar um papel no bolso e deitar fora quando encontrarmos um caixote do lixo apropriado para tal (incrível como em pleno século XXI ainda vejo condutores a deitar lixo pela janela do automovel! grrrr...).

Espero que vejam este filme. É comprido mas vale realmente a pena de ser visto.

"The Story of Stuff":



Podem ver o vídeo com melhor qualidade em http://www.storyofstuff.com e procurar conhecer outras que podem ser feitas para ajudar de modo a podermos disfrutar deste nosso Planeta.

Rolhinhas

A partir de dia 5 de Junho, as rolhas de cortiça vão ser passíveis de reciclar. Vamos poder colocá-las no "rolhinhas", que estará presente em diversos supermercados espalhados pelo País.
E porque este não é um problema meu, teu, mas sim nosso, espero que toda a gente adira a esta forma de reciclagem pois, como todas as outras, é uma mais valia para a preservação do nosso querido e pouco estimado meio ambiente.





em: http://www.condominiodaterra.org/intro.html